Introdução à Psicologia do Desenvolvimento
A Psicologia é uma ciência que estuda os comportamentos e processos mentais, partindo da descrição para a explicação desses comportamentos de um modo a poder prever e controlar as respostas comportamentais.
Antigamente considerava-se a Psicologia como o estudo da Alma (psique+logos= mente+conhecimento), o que levou a informações erradas baseadas na fé.
A Psicologia atingiu o estatuto de ciência nos finais do século XIX. O objecto de estudo da Psicologia é o estudo da mente.
Existe uma grande discussão entre a Psicologia conhecida do senso comum - quotidiano das pessoas em geral e a chamada psicologia científica.
Psicologia do senso-comum:
O senso-comum: está relacionado ao conhecimento da realidade, ou seja, aquele conhecimento que vamos acumulando no nosso dia a dia, intuitivo, baseado em tentativas e em erros. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração em geração e é empírico.
A Psicologia científica:
A ciência é uma actividade eminentemente reflexiva e de estudo sistémico. Compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre factos ou aspectos expressos por meio de uma linguagem precisa e rigorosa, métodos e técnicas específicas, é objectiva.
- Wundt e o Associacionismo
Este autor teve como objecto de estudo a consciência, e como método apresentou a introspecção controlada. Para estudar a mente humana, Wundt procurou decompô-la nos seus elementos mais simples constituintes: as sensações. Para tal, submetia um grupo de sujeitos que, fazendo uma auto-análise, lhe descreviam tudo o que sentiam, pensavam, sensações resultantes duma situação experimental específica. Esta auto-observação do sujeito seria, posteriormente, analisada pelo investigador, observador externo.
- Pavlov e a Reflexologia
Através de algumas experiências, Pavlov descobre que, para além dos reflexos inatos, se podiam desenvolver reflexos condicionais: reflexo inato + reflexo neutro = reflexo condicionado.
- Watson e o Behaviorismo
Demarca-se da Psicologia tradicional, rompendo com o método e objecto de estudo utilizados. Ao atribuir à Psicologia, o comportamento objectivamente observável como objecto e o, como método, o experimental, atribui-lhe o estatuto de ciência. Através das suas observações e experiências, conclui que o comportamento é apenas um conjunto de respostas (R) a um dado estímulo do meio (E). Segundo ele, as emoções e sentimentos vividos manifestar-se-iam por comportamentos observáveis: riso, choro, etc.; e, por isso, o psicólogo deveria entender que a situação (S) seria causa do comportamento (R), reduzindo assim o comportamento a uma fórmula mecânica: S à R. Deste modo, em laboratório, através do método experimental, Watson vai procurar enunciar leis: se conhecer um estímulo (causa) poderia prever a resposta (efeito); a partir de uma dada resposta seria também possível, segundo Watson, prever-se o estimulo que lhe deu origem.
- Kohler e o Gestaltismo
Procura estudar os processos mentais, sobretudo a percepção e o pensamento, e utiliza o método experimental. Opondo-se ao associacionismo e ao behaviorismo, defende que o modo como percepcionamos o mundo depende de estruturas inatas: percepcionamos o objecto como uma totalidade, é uma apreensão sintética. Primeiramente apreendemos o objecto como um todo e só depois analisamos cada uma das suas partes constituintes, defendendo que, contudo, o todo é diferente e maior que a soma das suas partes. E, por isso, não poderia prever-se como seria o todo analisando separadamente as suas partes, ao contrário do que afirmavam os associacionistas.
- Freud e a Psicanálise
Esta corrente centra-se no estudo do inconsciente, utilizando o método psicanalítico e as suas técnicas. Freud veio introduzir, na Psicologia, dois conceitos importantes: o inconsciente e a sexualidade infantil. Por um lado, apresentou o psíquico humano constituído pelo consciente e pelo inconsciente. Esta zona introduzida pelo autor, seria constituída por desejos, pulsões, medos recalcados, e seria produtora de comportamentos e pensamentos. O inconsciente, ao contrário do consciente, não seria acessível pela introspecção. Assim o psíquico humano possuiria duas principais zonas: o consciente e o inconsciente. No entanto, entre estas 2 zonas, existiria o pré-consciente, constituído por material que poderia aceder ao consciente, mas, quando traumatizantes, prejudiciais, seriam impossibilitadas de aceder à consciência pelo processo de recalcamento, mantendo-se no inconsciente. Além disso, Freud veio afirmar a existência duma sexualidade infantil: os desejos e pulsões sexuais seriam o material dominante no inconsciente, e seriam influenciadores no comportamento humano, e, na infância, no processo de formação da personalidade.
- Piaget e o Construtivismo
Esta corrente vai investigar o modo como as estruturas do conhecimento e da inteligência se formam e evoluem, utilizando o método clínico e a observação naturalista. Piaget defende que as estruturas cognitivas e o conhecimento se constroem na interacção sujeito-meio, atribuindo, assim, um papel activo ao sujeito, opondo-se às concepções behaviorista e gestaltista. Deste modo, o conhecimento depende da interacção entre as estruturas inatas do sujeito e os dados provenientes do meio, e é construído por acção da maturação biológica do sujeito, da sua acção sobre o meio, e as aprendizagens que desenvolve com os outros.
- Método Introspectivo
j Primeiro método em Psicologia e consiste na descrição e análise feita pelo sujeito sobre os seus pensamentos, sentimentos e emoções, e que ocorre em condições específicas e com objectivos bem definidos pelo investigador. O psicólogo anota e interpreta os estados de consciência descritos pelo sujeito.
j São várias as limitações que este método apresenta:
-- não se pode aplicar ao nível da psicologia animal, infantil ou da psicopatológica;
-- não permite a análise de fenómenos inconscientes;
-- não permite analisar comportamentos observáveis;
-- um mesmo fenómeno pode ser descrito de várias maneiras pelo mesmo sujeito, em diferentes situações, momentos.
- Método Experimental
j Este método prevê um conjunto de condições rigorosas de desenvolvimento que acompanham 3 fases: hipótese prévia, experimentação, e generalização de resultados. Durante a experimentação, o investigador vai proceder à manipulação de variável(eis) independente(s) que supostamente será a causa do comportamento que se está a estudar.
j Este método apresenta limitações;
- metodológicas: dificuldade em controlar as variáveis externas, as expectativas dos sujeitos e em neutralizar os efeitos do experimentador;
- éticas: não se pode por em causa a integridade física ou psicológica dos sujeitos para se testar uma hipótese.
- Observação
j neste método o investigador segue as mesmas etapas do experimentador, mas não manipula as variáveis.
1. Observação Naturalista: o investigador observa os sujeitos no ambiente em que decorre as suas vidas.
2. Observação Laboratorial: o sujeito é observado em ambiente artificial, o que permite ao investigador um maior controlo das variáveis externas.
- Método Clínico
j Este método aborda de modo profundo um caso individual, um grupo ou um problema. Valoriza-se aqui a perspectiva qualitativa e global.
j Tem uma dimensão de investigação e terapia, recorrendo a várias técnicas:
1. Anamnese: reconstrução da vida do sujeito
2. Entrevista Clínica: através do diálogo, o psicólogo obtém informações e um campo rico para ajudar e intervir junto da pessoa.
3. Observação Clínica: o psicólogo observa e regista os comportamentos manifestados durante a entrevista, ou noutras situações, de trabalho ou escolares.
4. Testes:
- Padronização – quando visam o mesmo objectivo devem apresentar as mesmas características.
- Validade – deve ter claramente definido o que vai medir
- Fidelidade – quando aplicado 2 vezes ao mesmo sujeito, deve apresentar resultados iguais ou semelhantes
- sensibilidade – 1 teste é tanto mais sensível quanto mais diferenças identificar entre os sujeitos.
- Método Psicanalítico
j este método visa a exploração do inconsciente recorrendo a técnicas como:
- Associações Livres: o psicanalista pede ao analisado que diga tudo o que sente e pensa.
- Interpretação dos Sonhos: o psicanalista pede ao analisado que lhe relate os sonhos, onde se vai distinguir o conteúdo manifesto e o conteúdo latente.
- Análise dos Actos Falhados: o psicanalista procura interpretar os esquecimentos, lapsos e erros de linguagens, leitura ou audição do analisado.
- Análise do Processo de transferência: o analisado transfere para o psicanalista os sentimentos de amor/ódio vividos na infância, e é o psicanalista que vai analisar os dados daqui provenientes.
- Psicologia Aplicada
Psicologia Clínica |
- centra-se na investigação, diagnóstico, prevenção e tratamento de conflitos e perturbações psicológicas - intervém ao nível da saúde mental - visa a promoção da saúde mental, prevenindo situações de risco - actua em hospitais, clínicas, consultórios, etc. |
Psicologia Educacional |
- centra-se na promoção e desenvolvimento educativo - avalia as dificuldades de aprendizagem - avalia e elabora programas e propostas educativas - analisa as situações de insucesso escolar e procura definir estratégias pedagógicas para o ultrapassar - actua em escolas, universidades, infantários, etc. |
Psicologia Organizacional |
- centra-se nas relações que se estabelecem entre as pessoas na situação de trabalho - estuda as relações interpessoais - procura melhorar a eficiência e satisfação no trabalho - actua em empresas, organizações, instituições como hospitais, escolas, clube, etc. |